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Prelúdio de uma Nova Ordem Mundial

Prelúdio de uma Nova Ordem Mundial

Por: Michel Teixeira
Cursou Economia (Mackenzie) e Engenharia Financeira (USP).

As políticas mercantilistas do início da Idade Moderna despertaram sentimentos protecionistas por parte dos Estados e acirraram as disputas comerciais entre eles, dando origem a uma nova atmosfera global movida e sustentada pelos interesses. Com o passar do tempo, as batalhas comerciais tornaram-se mais intensas e os Blocos Econômicos surgiram como uma estratégia defensiva a essa guerra. A formação desses conglomerados é uma ação racional de cooperação enquadrada na economia neoclássica, que favorece a criação de mercados cada vez maiores, oferecendo alternativas de desenvolvimento, estimulando investimentos e dinamizando, desta forma, o comércio interior e exterior.

A integração da União Europeia, por sua vez, não foi impulsionada apenas pelo protecionismo e pelas disputas comerciais que almejavam a uma posição confortável diante do cenário capitalista, mas também por um sentimento coletivo de reerguer um continente totalmente devastado pelas guerras.

Atualmente, a União Europeia é uma potência mundial ao lado dos Estados Unidos, fato que se deve inclusive no que diz respeito à sua constante expansão, pois, à medida que novos países aderem a esse bloco, seu poder global torna-se cada vez maior. No entanto, outros fatores também colaboraram para que a UE pudesse se tornar um polo econômico global, como a criação de uma moeda única – o euro – e a utilização de um comércio interno sem barreiras à circulação de capitais, serviços e pessoas.

A atual expansão do Bloco Econômico Europeu está direcionada ao leste e apresenta inúmeras dificuldades, principalmente no que diz respeito à aglutinação dos países da antiga esfera de influência soviética. As diferenças ideológicas, estruturais, políticas e econômicas entre esses países e as principais nações europeias, tornam o crescimento da UE para o leste algo muito complexo e sensível.

Dentre todos os empecilhos que permeiam o crescimento da União Europeia, a Rússia é, sem dúvidas, o maior deles.  Os resquícios da Guerra Fria mostram que a relação entre a Rússia e a União Europeia é bastante sensível, pois não há vínculos “de amizade” entre essas nações, apenas uma reciprocidade de interesses. Por mais que a Rússia precise da União Europeia para assegurar sua oferta de petróleo e gás-natural, sua integração a esse agregado está, até o presente momento, fora de cogitação, pois, por mais que esta possibilidade trouxesse enormes vantagens à UE, em termos comerciais, a recente invasão da Rússia à Ucrânia embaralhou todas as cartas da geopolítica global.

A recente aproximação da Rússia com a China, fruto de interesses políticos e econômicos em comum, além de uma visão crítica do Ocidente, despertou um desejo de mudar a ordem mundial liderada pelos Estados Unidos e União Europeia. Em médio prazo, uma das consequências da guerra Rússia x Ucrânia será o estabelecimento de uma ordem global mais fracionada, que abrangerá não apenas países como a China e a própria Rússia, mas também o Irã, que já vem construindo alternativas econômicas para se prevenir de uma forte dependência ocidental.

Sob o ponto de vista da economia global, é bem provável que a China busque alternativas semelhantes à da União Europeia, como a internacionalização da sua moeda. Ademais, que opte por expandir, ainda mais, seus sistemas de pagamentos bancários para outros países.

As turbulentas relações entre as grandes potências deixa claro que a sensação de paz pós-guerra Fria não passava de ilusão. A política internacional atual assemelha-se bastante com o ambiente que precedeu a Primeira Guerra Mundial, com grandes impérios disputando entre si. Sob a ótica da disputa pelo poder global, atualmente o mundo divide-se em dois: o bloco Rússia-China e o bloco Estados Unidos-UE.

A Guerra da Ucrânia instabilizou e sensibilizou as relações comerciais internacionais, diminuindo a hegemonia dos Estados Unidos, proveniente da vitória da Guerra Fria, estabelecendo um marco para a Nova Ordem Mundial.

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