ARTIGOS

Conversa de economista

Conversa de economista

Por: Prof. Brandão, decano dos economistas maranhenses e membro Honorário das Academias de Letras ACL, ALL e AMCJSP.

Em termos macroeconômicos, ao longo do tempo (estamos há 14 anos depois) foram mais de 4 trilhões de dólares lançados no mercado, sem contrapartida de produto, porque a economia mergulhava na recessão ameaçando a quebra de empresas e de grandes bancos de investimento.
Esperava-se uma inflação consequente. Essa ‘dinheirama’, entretanto, nunca chegou à economia real, à produção de bens e serviços, apenas ‘rolou’ dívidas de empresas e de governos já endividados, ficando os títulos emitidos em troca ‘dormindo’ nas carteiras dos bancos centrais, FED e BCE, além de outros congêneres.
Durante esses 14 anos decorridos os bancos centrais tentaram receber essa dívida, debalde! Em virtude dessa conjuntura, sem atividade econômica significativa, a taxa de juros, nos EUA principalmente, manteve-se baixa e próximas de zero. Os países da zona do euro, na Europa, e os emergentes, inclusive no Brasil, as repercussões não foram tão simples, mas danosas.
O dólar, como moeda forte e de conversibilidade mundial, manteve-se firme durante muito tempo, bem cotada, para o seu comércio internacional e termos de competição.
Juros baixos e sem inflação, nos EUA, não servem mais, porque a sua economia voltou a ficar aquecida e a inflação começa a preocupar as autoridades do FED, que já anunciou aumento na taxa de juros, para poder atrair e bem remunerar os investimentos que serão necessários.
No Brasil, que poderia ter aproveitado os efeitos benéficos do Plano Real, sofre uma produção de custos onerosa e limitativa da sua capacidade de importar os componentes necessários à sua produtividade (que prejudica as exportações)concorrência internacional.
Resumindo, a ‘financeirizacão’ da economia através do QE não foi tão ruim para os americanos, mas deixou sequelas graves.
O Brasil, com essa inflação crônica dos seus custos de produção (essas benesses de subsídios ao consumo não tem força suficiente, para gerar uma inflação de demanda), tem utilizado a taxa de juros, como instrumento de sua política monetária, em níveis, sempre, elevados (André Lara Resende diz que a taxa SELIC deveria situar-se abaixo da taxa de crescimento do PIB), para atrair investidores e ‘rolar’ a sua dívida pública interna, com baixa repercussão no seu comércio exterior.
Para concluir, no momento em que o FED anuncia o fim do seu longo QE, elevando a sua taxa de juros, para manter atrativos os investimentos na economia em recuperação, os países ‘beneficiados’ sem grandes progressos, estão em situação desfavorável, como o Brasil.
Aí entro eu com a minha inabalável convicção de que as Unuversidades e Conselhos de Economia deveriam ter um protagonismo proativo, senão correm o risco de ensinar e registrar economistas desatualizados em relação à Teoria Econômica, à Economia Monetária.

Palavras-chave :

Compartilhar :