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“Contextualizando os fatos da história”, por Antônio Augusto Ribeiro Brandão

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Se quisermos entender bem a consequente conjuntura econômica vigente nos tempos atuais, precisamos conhecer as causas básicas que foram determinantes de quase tudo, principalmente no caso das políticas públicas em economia monetária.

A Segunda Revolução Industrial (1850-1950) promoveu um elevado crescimento econômico, o aumento da renda e um desenvolvimento desordenado das populações nas cidades, e o surgimento do socialismo. Em Caxias, por exemplo, na década de 40 do século passado, existia uma fábrica têxtil inaugurada em 1889 e que empregava diretamente mais de 300 pessoas; em termos relativos tendo por base a população de então, também porque existiam outras fábricas do ramo, a cidade era próspera.

A Primeira Grande Guerra (1914-1918) começou na Europa e envolveu Alemanha, França e Rússia; também contribuíram para esse conflito a corrida armamentista e o imperialismo das grandes potências envolvendo territórios coloniais. O Tratado de Versalhes (1919), que consolidou a rendição da Alemanha (1918), impôs aos vencidos sérias reparações desaguadas em recessão.

A Grande Depressão (1929), função da Primeira Guerra Mundial, levou ao ”˜crash”™ da Bolsa de Valores de Nova York, decorrente da queda na produção industrial, endividamento das empresas, desemprego em massa e falência de grandes bancos ”˜alavancados”™ em ações.

Os Estados Unidos eram presididos por Herbert Hoover (1874-1964), que governou entre 1929 e 1933, e o Federal Reserve – FED, o banco central americano, por Eugene Meyer (1875-1959); eles pretenderam combater o ”˜crash”™ acreditando nas forças do próprio mercado, sem nenhum auxílio à liquidez.

Eleito Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), que governou entre 1933 e 1945, demitiu o então presidente do FED, adotou providências de controle da produção agrícola e investiu em infraestrutura, ferrovias, rodovias e portos; por ironia, o ”˜New Deal”™ lançado por Roosevelt foi determinante da ascensão e do protagonismo de Adolf Hitler (1889-1945), prenúncios da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), decorrente dos fatos e das causas da Primeira, dos governos autoritários e militaristas, e que teve a participação dos Estados Unidos, a partir do ataque à sua base em Pearl Harbor, no Japão, em 1941.

Embora ainda muito jovem, lembro bem dessa Guerra, da segunda, a partir de 1940, quando passamos a residir em São Luís, na rua das Hortas n° 322, em frente à residência dos pais e avós do conceituado médico Gabriel Cunha, hoje sede da Fundação Josué Montelo. Tenho uma crônica escrita sobre esse tempo intitulada ”˜Memórias da Guerra”™.

Meu interesse maior vem desde esses fatos históricos, principalmente do ”˜crash”™ de 1929. Em 1980, atuando no sistema financeiro estadual e integrando uma comitiva de executivos brasileiros do setor, frequentei um Seminário sobre mercado financeiro e de capitais, na Universidade de Nova York, visitando as Bolsas de Valores e de Mercadorias, grandes bancos, corretoras e distribuidoras de valores, para saber de perto as causas do ”˜crash”™ e os prognósticos dos especialistas.

Na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, atual integrante da Universidade Cândido Mendes, onde me formei há 60 anos, entre 1956 e 1959, estudei política monetária no livro do professor Eugênio Gudin (1886-1986), um não economista, mas filho de um, engenheiro, da escola liberal, presente na Conferência de Bretton Woods, em 1944, junto a John Maynard Keynes (1883-1946) e outros ilustres brasileiros como Roberto Campos (1917-2001) e Otávio Gouveia de Bulhões (1906-1990).

Vivi as esperanças do governo de Juscelino Kubistchek (1902-1976), desfeitas por seu sucessor Jânio Quadros (1917-1992), quando tudo era promissor e acabou descontinuando.

Desde que retornei ao Maranhão, em 1965, depois de 10 anos vivendo no Rio de Janeiro, protagonizei os seguintes fatos: professor da UEMA, desde 1968 até 1983, ensinando Teoria Econômica e, na UFMA, desde 1978 até 1997, ensinando Moeda e Bancos, depois Economia Monetária; executivo do sistema financeiro estadual, entre 1979 e 1887.

Meu interesse pelas questões monetárias e fiscais estão nos meus livros, lançados no Brasil e no exterior, bem como demonstrado em um sem número de artigos, a partir de 2007; em 2015, lancei ”˜Desafios à teoria econômica/Challenges to the economic theory”™, na Academia Maranhense de Letras e na Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas e, no próximo dia 19 do corrente, lançarei ”˜Economia – Textos selecionados”™, sob o patrocínio do Conselho Regional de Economia – CORECON, na AMEI.

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Antônio Augusto Ribeiro Brandão é economista

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