Comemorando seis décadas
*Antônio Augusto Ribeiro Brandão
Em dezembro passado, comemorei longos anos desde a minha formatura em Ciências Econômicas, em 1959, acontecida na vetusta Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, embrião da atual e próspera Universidade Cândido Mendes.
Comemoro também em nome da Universidade Federal do Maranhão, da qual sou professor aposentado e onde ensinei por quase vinte anos ininterruptos, egresso que fui da Universidade Estadual do Maranhão, onde fui professor titular.
Quando ingressei na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro – FCPERJ, em 1956, eram decorridos apenas cinco anos de reconhecimento da nossa profissão. Lembro-me de que as lutas com esse objetivo foram intensas e lideradas, entre outros idealistas, por Reynaldo de Souza Gonçalves e Alberto Almada Rodrigues, dois dos meus ilustres professores, e era nosso diretor o professor, político e escritor Conde Cândido Mendes de Almeida Junior, descendente de tradicional família originária de Portugal, que veio para o Brasil, em 1808, e estabeleceu-se em vários Estados, inclusive no Maranhão, em Caxias, terra onde eu nasci.
Lembro-me saudoso dos 39 colegas que se formaram junto comigo, naquele memorável dia 26 de dezembro, na Maison de France, entre outros: Antônio Duarte Badejo, Milton Fernandes Fidalgo, Waldir Carmo de Almeida, Jorge Carlos Cayres Leite Ribeiro e Oswaldo Eurico Carneiro Viana Gabriel, meus companheiros no Diretório Acadêmico “Barão de Mauá”.
As lutas visando à afirmação da nossa profissão foram intensas. Entre 1956 e 1959, enquanto universitários, vivíamos um período florescente da economia brasileira e tudo levava a crer que teríamos um futuro altamente promissor pela frente. Logo depois as coisas mudaram bruscamente e tivemos que refazer nossos planos.
Quando me formei, já residia no Rio de Janeiro desde 1954 e lá permaneci até 1965. Retornei ao Maranhão, em 1966, integrando-me ao setor público estadual e ajudando a fundar as primeiras escolas de nível superior, tornando-me economista da Secretaria de Viação e Obras Públicas e professor-fundador titular da Escola de Administração Pública do Estado do Maranhão, ensinando Teoria Econômica; depois me transferi para a Universidade Federal do Maranhão, onde ensinei Economia Monetária e Mercado de Capitais, aposentando-me em 1997. No período de 1979 a 1887, integrei diretoria no sistema financeiro estadual.
Recordando, muito a propósito de mais um Fórum de Davos, na Suíça, sob a égide do novo governo federal brasileiro, uma pretendida coalizão de forças políticas antagônicas. Finda a Segunda Guerra Mundial, buscava-se, como agora, uma nova ordem econômica; esse objetivo, quando o conflito acabou, foi concretizado à custa da intervenção estatal no domínio econômico, o chamado ‘Estado do Bem-Estar Social’. A célebre Conferência de Bretton Woods, em julho de 1944, que culminou com a criação do BIRD, o Banco Mundial, e do FMI, Fundo Monetário Internacional, fundamenta essa nova ordem.
As questões debatidas em Bretton Woods, lideradas por John Maynard Keynes, voltaram à baila desde a chamada ‘crise das hipotecas’, iniciada nos Estados Unidos, em 2007, e repercutida e ainda repercutindo na Europa, principalmente nos países da zona euro.
Por ação dos próprios bancos centrais dos países desenvolvidos e maciças emissões primárias da chamada dívida soberana, foi evitada uma insolvência geral dos bancos, mas os efeitos estão aí a impedir a retomada do crescimento e a diminuição do endividamento, e a regulação dos mecanismos financeiros.
A verdade é que o capitalismo financeiro desconhece o sistema produtivo e passa a existir apesar dele: moeda em circulação sem contrapartida de produto em tese gera inflação. A recuperação da economia dos países desenvolvidos, entretanto, poderá trazer reflexos negativos consideráveis aos países emergentes.
*Economista. Membro Honorário da ACL, ALL e AMCJSP.