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A EDUCAÇÃO E O BRASIL

 A EDUCAÇÃO E O BRASIL

*Antônio Augusto Ribeiro Brandão

  Recentes estatísticas demonstram a realidade das sequelas da pandemia no desempenho de nossas crianças, entre 7 e 9 anos:  a carência na leitura e escrita aumentou em mais de duzentos por cento. Some-se a isto o incentivo das redes sociais ao ‘institucionalizar’ a linguagem dos sinais, das caretas e equivalentes, inibindo o ato de escrever.

 Outro dia estive lendo que há uma versão bem pragmática sobre os descaminhos da atual geração de estudantes: ainda estão sendo ensinados por professores partícipes dos movimentos de contestação dos valores e crenças tradicionais, adeptos da liberação dos usos e costumes. Com as exceções de praxe, será possível um Brasil bem educado?

 E mais, por exemplo, situação que persiste em cada município do interior do Brasil: quando o filho que ajuda o pai na agricultura familiar chega à idade de estudar na cidade, o pai reage e apega-se aos políticos influentes, para conseguir instalar uma escola na sua localidade. Daí decorrem instalações deficientes e em locais inapropriados, dificultando o acesso dos próprios alunos e professores.

 Reflitamos sobre alguns dados divulgados no Fórum acima referido: “se não houvesse reprovação de crianças, o Brasil poderia poupar cerca de bilhões de reais por ano; se reduzíssemos o desperdício nas despesas atuais com educação, poderíamos aumentar o salário de todos os professores do ensino básico; se fosse possível evitar faltas anuais de cada professor do ensino básico, seria possível a contratação de muitos novos professores e um acréscimo nos seus salários; grande parte da população não completa o equivalente ginasial, básico; a maioria dos alunos não dominam habilidades elementares de matemática; muitos alunos não sabem ler adequadamente, porque quem não sabe ler também não sabe escrever.”

 Essa realidade revela que os professores precisam repensar sua atitude em face da profissão que abraçaram, das menos egoístas que conheço. Salário é importante, mas precisam também usar suas cabeças e seus corações, de resultados que justifiquem os grandes investimentos que estão sendo feitos na educação; precisam de mais qualidade e de produtividade naquilo que fazem, e se conseguissem diminuir a evasão e a repetência nas suas classes, o desperdício, certamente poderiam obter melhorias financeiras. A realidade enfraquece suas reivindicações.

 É imperioso, portanto, que os professores pensem na nobre profissão que exercem, longe de radicalismos e de lideranças ultrapassadas, evitando apoiar movimentos de evidentes conotações políticas.

 Tentar cooptar crianças e adolescentes e seus respectivos familiares é uma ‘contribuição’ desagregadora, indisciplinada; sou do tempo em que o(a) professor(a), além de ensinar, também educava. Os mestres daquela época eram tão responsáveis que chegavam a substituir os próprios pais: premiavam e castigavam, incutir responsabilidades com a sociedade e com a Pátria. Ninguém chegava à 1ª série do curso primário (hoje, do ensino fundamental) sem saber ler e escrever.

 Insisto na tese: o que deveria vir primeiro para um professor: um aumento de salário ou um trabalho produtivo que o fizesse merecedor desse aumento?

   

Economista. Membro Honorário da ACL, da ALL e da AMCJSP.

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