ARTIGOS

COPA DO MUNDO

COPA DO MUNDO por: *Antônio Augusto Ribeiro Brandão Acontece de quatro em quatro anos como se cada um tivesse a Pátria das chuteiras; este ano está acontecendo de novo, no Qatar; por um milagre os brasileiros esquecem todas as divergências, tornam-se solidários e irmanam-se em busca de um só objetivo: ganhar a Copa do Mundo. […]

COPA DO MUNDO

por:
*Antônio Augusto Ribeiro Brandão

Acontece de quatro em quatro anos como se cada um tivesse a Pátria das chuteiras; este ano está acontecendo de novo, no Qatar; por um milagre os brasileiros esquecem todas as divergências, tornam-se solidários e irmanam-se em busca de um só objetivo: ganhar a Copa do Mundo.

Quando comecei a despertar para as coisas do futebol, já tinha ouvido falar da Copa de 38 onde as figuras de Leônidas da Silva e de Domingos da Guia pontificaram, aquele por suas inventadas ‘bicicletas’ e este pela calma e classe no trato da bola.

Domingos, como Barbosa, da seleção de 50, conviveu, de forma mais romântica, com a culpa que lhe impuseram pela derrota na final da Copa de 38 quando cometeu pênalti convertido em gol. Em São Luís, no velho Estádio Santa Izabel, ainda o vi jogar pelo Bangu; mesmo em fim de carreira confirmou tudo que se falava dele.

Comecei a gostar mesmo de futebol, em 1946, quando o Fluminense se sagrou super campeão carioca vencendo o Botafogo, na final, por 1 x 0, gol de Ademir, que mais tarde viria a ser o artilheiro da Copa de 50; depois disso, quando morei no Rio, por longa temporada, passei a acompanhar os jogos do meu time por todos os campos da cidade.

Mas o futebol para mim, hoje, é um ‘amor perdido’; quando vou ao Rio, desejo assistir a um Fla-Flu, que já fui presente a um dos maiores jogos, final de 1963, quando o público somou mais de 163 mil espectadores!

A Copa foi interrompida de 38 a 50 por causa da II Grande Guerra; a versão de 50 foi a melhor. Realizada, no Brasil, no recente e inacabado Maracanã, palco de memoráveis jogos vencidos pela seleção brasileira que tinha Ademir, Zizinho e Jair dentre outros brilhantes jogadores: Barbosa, Danilo, Maneca, Friaça, Chico.

Escrevi sobre Zizinho, neste jornal, que lembrava o ‘Cabelo-Duro’, de Caxias, e também vi Ademir jogar, em 55: o centroavante ‘rompedor’ que seguia em linha reta rumo ao gol onde às vezes ‘entrava com bola e tudo’.

O Brasil perdeu a Copa de 50, como havia perdido a Copa de 38; muitos acham ter sido culpa do Barbosa, no gol de Ghiggia. Já vi e revi o lance inúmeras vezes e não penso mais assim. Uma outra seleção praticamente imbatível perdeu a partida final, a da Hungria, em 54, na Suíça, para a Alemanha, mesmo tendo Puskas, Czibor, Kocsis e companhia, que vi jogarem, no Rio, em 1957, pelo Honved, base dessa seleção.

Em 1958, sim, a seleção brasileira, mais ou menos desacreditada, pois fora eliminada, em 54, na Suíça, pela seleção da Hungria, conseguiu o seu grande feito. Ganhamos a nossa primeira Copa onde Pelé despontou para a fama; depois igual a essa só a de 70 também com o brilho de Pelé. Em 62, no Chile, o Brasil sagrou-se bicampeão – duas vezes consecutivas e não essas vezes somadas quando intercaladas -, com Garrincha sobressaindo-se dos demais.

Foi também o tempo final de Nilton Santos, de estilo muito parecido ao de Domingos da Guia: elegante e clássico no trato da bola. A seguir, veio o fracasso de 66, na Inglaterra, onde nem Pelé se salvou e, finalmente, a nova vitória de 70, no México, torcida de ‘90 milhões em ação’, única seleção comparável à de 50 e onde Pelé novamente destacou-se.

Faço um balanço entre todos que vi jogar escalando duas seleções de todos os tempos, sem posições definidas: a primeira com Nilton Santos, Pinheiro, Danilo, Ademir, Zizinho, Jair, Castilho, Julinho, Garrincha, Didi, Pelé; a segunda com Carlos Alberto, Falcão, Roberto Carlos, Zico, Ronaldo (o “fenômeno”), Romário, Júnior (o do Flamengo), Rivaldo, Gerson, Branco.

Até aí o Brasil havia ganho três vezes: as Copas de 58, 62 e 70. Bi-campeão, em 62, ganhou mais de 70, portanto, a terceira vez. Tri foi o Flamengo, em 42/43/44 e em 53/54/55, anos seguidos; se há interrupção, começa-se a contar de novo, acredito. O Moto Clube, de São Luís, por exemplo, foi campeão maranhense em sete anos consecutivos.

Isto é o que para mim ficou das Copas passadas. O Brasil, em 94, nos Estados Unidos, acabou ganhando e não lembro bem de algum jogador que tenha se destacado, a não ser Romário. Em 2002, na Coreia/Japão, ganhamos jogando contra adversários não muito credenciados no cenário internacional; o time engrenou e, sem ser favorito, ganhou. Voltamos a perder as Copas de 2006, de 2010, de 2014 e de 2018.

O que aconteceu em 50, quando perdemos com a melhor seleção, foi obra do acaso? O que vai acontecer na atual Copa, que está sendo realizada no Qatar?

*Economista. Membro Honorário da ACL, ALL e AMCJSP.

Palavras-chave :

Compartilhar :

Notícias recentes

Contato

Para maiores informações, entre em contato conosco.